
LINHA DO TEMPO
Quer saber mais detalhes de cada fase da minha jornada profissional?
É só rolar a tela e conferir abaixo.
Trajetória Profissional
Aqui conto um pouco sobre a minha história com a Psicologia
![]() Com minha parceira de trabalho, Vanessa Vetritti, no II Congresso Iberoamericano de Psicologia das Organizações e do Trabalho. Florianópolis, 2011 |
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Meu Primeiro Passo na Psicologia
Em 2011, dei meus primeiros passos profissionais na psicologia, enfrentando um desafio que moldaria parte da minha trajetória profissional: oferecer suporte a trabalhadores em uma instituição pública que vivenciavam situações de assédio moral. Minha missão era implementar a Clínica do Trabalho, um espaço para acolher e compreender o sofrimento psíquico desses profissionais.
Cada sessão era um mergulho nas histórias de pessoas que, muitas vezes, haviam perdido a confiança em si mesmas e no ambiente de trabalho. A partir de uma escuta qualificada, buscávamos não apenas ouvir, mas também agir. Intervenções concretas, individuais ou coletivas, ajudavam a reconstruir sua capacidade de pensar e agir, resgatando a dignidade e a força que pareciam perdidas.
Foi nesse contexto que compreendi, profundamente, como as relações no trabalho podem impactar – e até sobrepor – o bem-estar que ele deveria trazer. Mais do que acolher, essas conversas me ensinaram o poder transformador da fala: sua capacidade de revelar o que está oculto, de dar voz às contradições e de iluminar as sutilezas únicas de cada situação de trabalho.
E então meu olhar seguiu para a violência e as questões de gênero
Em 2012, enfrentei um novo desafio que marcaria profundamente minha experiência: atuar no Setor de Atendimento à Violência Doméstica do Tribunal de Justiça. Naquele tempo, a violência contra a mulher ainda era um tema que avançava timidamente no debate público – a Lei Maria da Penha, por exemplo, havia sido sancionada apenas seis anos antes. Mesmo assim, mergulhei de cabeça no estudo e no trabalho de um tema tão urgente.
Minha função era tão delicada quanto essencial: realizar atendimentos psicológicos com vítimas, ouvir crianças envolvidas em situações de violência, dialogar com os acusados e, quando necessário, realizar visitas domiciliares. Cada caso resultava em um parecer psicológico detalhado, elaborado com imparcialidade e sensibilidade, para contribuir com o processo judicial e ajudar na tomada de decisões mais justas e informadas.
Foi um trabalho desafiador, mas a dedicação valeu a pena. Consegui desenrolar centenas de processos que aguardavam análise, muitas vezes em tempo recorde, o que me rendeu uma homenagem pessoal da juíza da vara, reconhecendo minha produtividade e o cuidado no trabalho.
Essa experiência não apenas consolidou minha prática técnica, mas também despertou meu interesse por estudos de gênero e feminismo. Meu Trabalho de Conclusão de Curso foi fruto desse envolvimento, com o tema "Violência Conjugal: uma ordem de repetições permeadas aos impasses de gênero". Aprendi que o gênero é um poderoso determinante social que influencia diretamente a saúde mental, reproduzindo exigências, limitações e violências específicas para cada indivíduo.
Hoje, essa sensibilidade está no centro da minha prática clínica. Olhar para o contexto sociocultural e para as singularidades de cada pessoa permite oferecer um acolhimento profundo e eficaz, criando um espaço seguro para mulheres, homens, pessoas trans, não binárias e quaisquer outras identidades.
![]() Equipe do Setor de Atendimento a Violência Doméstica do Tribunal de Justiça. Registro da festa surpresa para minha despedida. Goiânia, 2012 |
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![]() Trabalho de Conclusão de Curso "Violência Conjugal: uma ordem de repetições permeadas aos impasses de gênero". Goiânia, 2012. |
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![]() Colação de Grau na Universidade Federal de Goiás, com reitor Prof. Edward Madureira. Goiânia, 2013. |
![]() Psicóloga Organizacional com equipe de RH. Goiânia, 2013. | ![]() Psicóloga Organizacional com equipe de RH. Goiânia, 2014. |
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![]() Com os Assistentes de RH das regiões do PR, MG, RS e Centro Oeste, na Convenção Nacional. Caldas Novas, 2015. | ![]() Psicóloga Organizacional com equipe de RH. Goiânia, 2016. |
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Retornei a explorar o comportamento humano no ambiente corporativo
Em 2013, retornei à Psicologia Organizacional, aceitando o desafio de implantar o departamento de Recursos Humanos em todas as filiais de uma multinacional na região Centro-Oeste. A missão era ambiciosa, mas me dediquei intensamente a estruturar processos, treinar equipes e garantir que todos os subsistemas de RH funcionassem de forma integrada. Os resultados foram tão expressivos que, em apenas seis meses, recebi uma promoção para liderar o RH operacional em outras regiões do Brasil, incluindo Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.
Coordenava equipes em diferentes estados e reportava diretamente à direção de RH. Essa experiência me proporcionou um profundo entendimento sobre o comportamento humano no ambiente corporativo – desde as motivações até as reações comportamentais diante de desafios e mudanças. No entanto, à medida que o tempo passava, comecei a perceber uma lacuna: enquanto me desenvolvia tecnicamente na Gestão Estratégica de Pessoas, sentia falta da escuta clínica e do contato humano mais direto.
Essa sensação crescia sempre que me deparava com o sofrimento psíquico dos colaboradores, muitas vezes abafado pelas demandas da empresa. Eu me via cada vez mais crítica à dificuldade de equilibrar o bem-estar humano com os objetivos organizacionais. Foi nesse dilema que compreendi algo importante: meu verdadeiro lugar não era naquele cenário. Quanto mais eu estudava, mais sentia que precisava estar em uma posição onde pudesse olhar diretamente para o sujeito, com suas singularidades e desafios únicos, e não apenas para os sistemas que o envolviam.
Do Desafio Corporativo à Escuta Clínica: Minha Evolução para o Consultório
Foi nesse momento de transição que decidi dar o passo mais significativo da minha carreira: inaugurar meu consultório de psicologia. Começar algo do zero foi desafiador, mas também profundamente transformador. No início, atendia apenas um dia por semana, equilibrando essa nova fase com outras responsabilidades. Aos poucos, o consultório ganhou vida própria, e minha agenda começou a se encher, demandando mais dias dedicados exclusivamente ao cuidado dos meus pacientes.
Com o tempo, percebi que algumas escolhas precisavam ser feitas. Embora adorasse atender crianças, meu desejo de trabalhar mais diretamente com os pais nas intervenções me levou a priorizar o atendimento a adultos. Foi nessa mudança que encontrei meu verdadeiro propósito na clínica: oferecer um espaço de acolhimento para pessoas lidando com os desafios do trabalho, estudo e outros aspectos que impactam diretamente a saúde mental.
Minha vivência no mundo corporativo e meus estudos sobre saúde mental no trabalho se tornaram diferenciais valiosos na minha prática. Ao ouvir os relatos de sofrimento dos pacientes, pude oferecer uma escuta crítica, sensível à alienação social, mas também orientada para promover soluções práticas e a possibilidade de sublimação desse sofrimento. O que mais me motiva é ver, dia após dia, os resultados dessa abordagem na vida dos meus pacientes. Cada história de superação e evolução reafirma que estou no caminho certo, fortalecendo minha paixão por essa jornada de transformação humana.
![]() Meu primeiro consultório de atendimento na Clínica Espaço Absolut. Goiânia, 2016. |
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![]() Trabalhei por 7 anos com Dr. Salomão Rodrigues, maior nome da psiquiatria em Goiás, e Andréia Oliveira, gestora de saúde, minha principal parceira de trabalho. Goiânia, 2020. |
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![]() Registro com Dr. Mateus Diniz e Dra. Andiara de Saloma, psiquiatras admiráveis com os quais absorvi muito conhecimento. Goiânia, 2020. |
![]() Caminhada Saúde e Qualidade de Vida para a campanha Janeiro Branco: conscientização sobre saúde mental para trabalhadores e comunidade. Goiânia, 2017. |
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A Psicologia do Trabalho: Equilibrando escuta clínica e Ambientes Corporativos
Enquanto minha prática no consultório começava a ganhar forma, uma nova oportunidade surgiu. Fui convidada para integrar uma clínica psiquiátrica como Psicóloga Organizacional, onde o desafio era criar processos de Gestão de Pessoas em uma instituição familiar, com foco no clima organizacional. A carga horária reduzida permitiu que eu equilibrasse ambas as atividades, o que se mostrou uma excelente combinação. Naquele momento, encontrei um espaço para aplicar a Psicologia do Trabalho que mais me inspirava: uma prática que prioriza a escuta atenta ao trabalhador, a mediação de conflitos, a preparação de lideranças e a busca por ambientes de trabalho mais saudáveis. Essa experiência me proporcionou uma visão mais profunda e coerente da Psicologia do Trabalho, alinhando meu compromisso com o bem-estar dos indivíduos e organizações
Busca Constante por Conhecimento:
A Formação como Pilar da Prática
A cada passo da minha trajetória, busquei ampliar meu conhecimento e aprofundar minha compreensão sobre o sofrimento psíquico e as psicopatologias, investindo em cursos e formações de excelência. Ao longo dos anos, participei de diversos cursos de curta duração e até programas de extensão universitária, sempre com foco na saúde mental e nas especificidades do sofrimento psíquico no ambiente de trabalho. No entanto, foi a experiência na clínica psiquiátrica que realmente despertou meu olhar atento para a saúde do trabalhador, especialmente no que diz respeito aos profissionais da saúde mental.
Com essa vivência, decidi ingressar no mestrado, com o objetivo de compreender os reflexos da saúde mental no ambiente de trabalho e investigar as complexas relações entre a profissão e o bem-estar psíquico. O mestrado também me proporcionou a oportunidade de lecionar e ministrar disciplinas universitárias, além de realizar palestras sobre saúde mental do trabalhador em diferentes instituições. Foi nesse período que pude unir o conhecimento acadêmico à prática clínica, alimentando meu compromisso com a transformação da saúde mental no contexto do trabalho.
![]() Banca de Qualificação de Mestrado na UNB: Dra. Ana Magnólia Mendes, Dr. Alexander Hochdorn e demais colegas. Brasília, 2019. |
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![]() Ministrando aulas da graduação de Psicologia na UNB. Brasília, 2019. |
![]() Dra. Ana Magnólia Mendes, supervisora de estágio docente, e Lorena, parceira de trabalho. Encerramos o período com um jantar de confraternização. Brasília, 2019. |
![]() Trecho da apresentação da minha defesa. |
![]() Defesa da Dissertação do Mestrado. Banca: Emílio Peres Facas (UNB), meu orientador, e os competentes Liliam Deisy Ghizoni (UFT) e Fernando de Oliveira Vieira (UFF). Em função da Pandemia, a defesa ocorreu online. |
![]() Pesquisa realizada sobre a Medicalização do Sofrimento pelo Trabalhador da Saúde Mental. Encerramento de um ciclo após uma pandemia mundial foi gratificante!! |
![]() Estocolmo, 2021. | ![]() Clínica de Psicologia da Universidade de Estocolmo, parte do programa de mestrado em psicologia clínica. Estocolmo, 2021. |
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![]() Estocolmo em lockdonw e universidades completamente fechadas. Estocolmo, 2021. | ![]() Stockholm University, 2021. |
Explorando Novos Horizontes: Uma Jornada de Aprendizado na Suécia
Com esse olhar sociocultural sobre todos os fenômenos que me proponho trabalhar, em meio as investigações do quanto as condições de trabalho podem ser determinantes na qualidade da saúde mental, meu olhar se voltou para o contexto de trabalho dos países desenvolvidos. Assim, comecei a pesquisar comparativamente os contextos de trabalho e abordagem em saúde mental nos países com elevado IDH, como na Escandinávia. Foi assim que surgiu a oportunidade de assistir um grupo de pesquisa da Universidade de Estocolmo, coordenado pelo Dr. Björn Philips. Com anuência do meu orientador de mestrado, ingressei para uma aventura na Suécia, com o objetivo de analisar essas nuances e finalizar a escrita da minha dissertação. Como nem sempre colecionamos sucessos em nossa trajetória, essa experiência foi um pouco frustrante pois ocorreu o auge da pandemia no período que estive na Suécia e todas as atividades do Instituto de Psicologia passaram a ser imperativamente online o que atrapalhou muito meu engajamento com esse projeto.
De todo modo, a experiência de morar no campus da universidade e passar 7 meses em intercambio cultural na Escandinávia foi inesquecível e me transformou profundamente. Minha vivência na Escandinávia revelou que, mesmo com políticas sociais avançadas, ambientes de trabalho acolhedores e acesso a serviços de saúde mental, o bem-estar pode ser comprometido por fatores culturais. A busca por sucesso e produtividade é intensa, e o estigma em relação à saúde mental impede muitos de pedirem ajuda. Como resultado, a Suécia enfrenta índices elevados de burnout, depressão, ansiedade e suicídio. Essa experiência reforçou que, por mais favorável que seja o contexto de vida, a saúde mental exige cuidado constante e atenção dedicada.
![]() Como tudo começou: primeira reunião para entendimento do projeto PUMAS. Goiânia, 2021. | ![]() Atuações alinhadas e time montado: psiquiatra, psicólogas e coletora de sangue. Goiânia, 2022. |
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![]() A demanda aumentou e a equipe também: novas psicólogas e mais uma psiquiatra na equipe. Goiânia, 2023. | ![]() Equipe PUMAS América do Sul: Dr. Ary Gadelha (UNIFESP) e Dr. Carlos Jaramillo (Universidad de Antioquia - Colombia). Goiânia, 2023. |
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Um constante compromisso científico
Minha trajetória sempre foi movida por uma inquietude genuína e um desejo constante de compreender a mente humana em suas múltiplas dimensões. Entre os atendimentos no consultório, as experiências na clínica psiquiátrica e um mergulho em vivências multiculturais sobre saúde mental, um fio condutor sempre me guiou: a busca por respostas para as complexas relações entre saúde mental e seus determinantes, sejam biológicos ou contextuais. Foi essa inquietação que me levou a ser selecionada para integrar, como psicóloga, uma das maiores pesquisas científicas em genética psiquiátrica realizadas pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA).
Nesse projeto, que teve a UNIFESP como sede no Brasil, investigamos as bases genéticas da Esquizofrenia e do Transtorno Afetivo Bipolar em populações da América do Sul. A experiência foi transformadora, não apenas por sua magnitude científica, mas por reafirmar a importância de explorar a interseção entre ciência e cuidado humano. Hoje, com a coleta de dados concluída, seguimos trabalhando na escrita de artigos científicos que irão compartilhar esses valiosos achados com o mundo.
Um olhar integral sobre a saúde mental: transitando entre Psicologia e Psiquiatria
Durante minha temporada na Suécia, tomei uma decisão significativa: encerrar meu consultório físico e me dedicar exclusivamente aos atendimentos online. Essa modalidade, que já fazia parte da minha prática antes mesmo da pandemia, mostrava-se eficiente e alinhada às necessidades contemporâneas. Paralelamente, com o incentivo do Presidente da instituição onde atuava, mantive minhas atividades na clínica psiquiátrica em home office.
Ao retornar ao Brasil, fui surpreendida por um convite transformador: assumir o cargo de Diretora Administrativa da clínica psiquiátrica. Essa nova posição não apenas ampliou meu horizonte profissional, mas também me colocou diante de uma imersão profunda no universo da saúde mental, tanto no setor privado quanto público.
Passei a mediar atendimentos ao SUS, compreender as engrenagens das políticas de saúde mental e me integrar às aulas da residência médica em psiquiatria. Acompanhei discussões diagnósticas, estudei sobre medicações, seus efeitos colaterais e os caminhos para a recuperação dos pacientes. Essa experiência foi como abrir uma nova janela para a compreensão da mente humana, unindo a visão biomédica à prática psicológica.
Acredito que um dos grandes diferenciais da minha trajetória está exatamente nesse diálogo contínuo entre a psicologia e a psiquiatria. Essa capacidade de transitar entre as duas áreas me permite oferecer uma abordagem integrada e enriquecedora, explorando o melhor de ambas as especialidades em benefício dos pacientes.
![]() Minha equipe de trabalho, quando Diretora Administrativa de uma clínica psiquiátrica. Goiânia, 2023. |
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![]() Nossa confraternização de conquistas. Aqui com 6 meses na nova posição como Diretora Administrativa de uma clínica psiquiátrica e inúmeros motivos para comemorar com quem fez isso acontecer: a equipe. Goiânia, 2022. |
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![]() Encerramento no cargo como Diretora Administrativa. Foi gratificante receber tanta confiança nesse per íodo e emocionante ser homenageada por tanta gente em minha despedida. Goiânia, 2023. | ![]() |
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![]() As dores e as delícias do trabalho 100% home office. Alemanha, 2024. |
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Um Novo Horizonte com Psicologia e Cultura em Conexão
Foi um ciclo significativo em minha carreira, repleto de aprendizados, amadurecimento e conquistas. No entanto, tomei a decisão de abraçar novos desafios, tanto no âmbito pessoal quanto profissional, e com muito orgulho, encerro este ciclo. Foi então que uma nova oportunidade se apresentou, levando-me à Alemanha e marcando minha segunda experiência internacional. Essa vivência adicionou uma nova camada à minha trajetória e me despertou para os impactos profundos do choque cultural no psiquismo, revelando as angústias e transformações que acompanham o processo migratório.
Essa imersão cultural trouxe uma nova dimensão à minha prática clínica: passei a atender imigrantes com foco na psicologia intercultural, utilizando intervenções que exploram a complexa relação entre cultura, comportamento humano e as repercussões disso nas relações interpessoais. Essa experiência internacional não só transformou minha visão de mundo, mas também refinou minha sensibilidade para acolher as psicopatologias que surgem do processo de migração e de enfrentamento de questões culturais.
Hoje, minha prática clínica reflete um olhar único e multifacetado, onde a escuta ativa e o respeito às vivências culturais se tornam elementos centrais para oferecer suporte a quem busca um lugar de pertencimento em meio a novas realidades.